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sábado, 10 de dezembro de 2011| 0
Hail Mott! Ave Butler “ (ave, ave!)
A polêmica de hoje tem como ensejo um belíssimo folder vitual a mim endereçado no Facebook, na tentativa de me “introduzir”(ui!) ao debate de gênero na pós-modernidade:

Notem que coisa mais meiga. Diante de tal “mimo” já podemos começar a aprender o básico sobre o assunto.
(o mais triste é que tenho que deixar evidenciado que se trata de uma ironia de minha parte, senão não entendem)
Tudo isso por que disse o arquievidente: precisamos urgentemente de uma Lei que proíba certa pessoa cujo nome não direi mas que se chama Ariadna abrir a boca em publico, principalmente em nome de um  coletivo que já é deveras estigmatizado.
Diante de uma falsa polêmica criada por um quadro televisivo sensacionalista que usava sua imagem (e a nossa) como ensejo para o humor inconveniente, a inominável mostrou todo seu lado transfóbico e indignou-se por ter sido “xingada de travesti”. Não senhorxs, ela não se revoltou por estar sendo apresentada num freakshow, como um monstrengo prestes a ser devorado pela curiosidade mórbida dos telespectadores. Ela se indignou por ter sido comparada com um “travecão”, uma pessoa que não se enquadra na dicotomia de gênero imposta pela sociedade ocidental e que , não havendo outras opções , se prostitui para sobreviver e não é “suficientemente ‘mulherzinha’ para ser aceita como ser humano”
Agora que “aprendi” que o gênero não está na genitália, vamos continuar o raciocínio. Se não está na genitália, onde estará? No cérebro? Dá na mesma, continuamos biologizando e naturalizando as experiências, só tiramos a buceta do meio das pernas para colocá-la próximas ao hipotálamo (depois eu é que desrespeito xs leitores, propondo alterações corporais ‘esdruxulas’). Já sei, descobriram um gene cor-de-rosa, responsável pelo instinto maternal e pela “barberagem” no trânsito- só pode ser (ironia de novo). A inominável já deve ter encontrado a resposta, pois sai na mídia “esclarecendo”, furibunda, que é uma “mulher”, pois já fez a tal operação. Mando o cartazinho de cima para ela por e-mail ou pessoalmente é melhor?
Joan Scott, historiadora feminista ensina que “gênero” é um mero ferramental teórico-metológico completamente subjetivo e artificial, inventado pelas intelectuais feministas para poder definir o espaço das mulheres na historia. Daí um engraçadinho mal intencionado teve a brilhante idéia de distorcer a lógica e inventar um monstrengo chamado “identidade de gênero”, conceito pelo qual as pessoas obrigatóriamente precisam se “identificar” como menino ou menina para serem considerados “normais”. Qualquer coisa fora disso: rua ou hospital.  
Ou seja, quem acredita que existe algo chamado “identidade de gênero” ,e  pior, que isso é inato e definido biologicamente, caiu na pegadinha das feministas. Ou pediu para cair. Que falta nos fazia a querida profª Berenice Bento...
A nefanda já resolveu o problema DELA, tascou uma vagina para provar que é “menina” e quem ousar dizer o contrário leva processo por calúnia e difamação. Ganha a dicotomia e o controle estatal sobre as performances (ações e demais símbolos convencionados pela cultura). Perdemos todos os que batem de frente com a Policia de Gênero que insiste em “adequar” corpos e mentes, afinal, o discurso sócio-cultural que empurra goela abaixo a tal dicotomia é perfeito e quem não concordar só pode ser doente mental.
  Agora, depois de todo esse circo chamado “identidade de gênero” armado, aparece um outro engraçadinho,ainda mais criativo que o primeiro, para dizer que, embora o psicólogo tenha a palavra final  sobre nossos corpos e possa julgar por critérios absolutamente heteronormativos nossas identidades, temos o “direito de decisão”. Já não é suficiente oprimir, controlar, podar, tem que jogar a culpa nos “disfóricos”(1) pelo controle estatal que eles mesmos sofrem.  Esta distorsão se encontra na defesa feita por alguns colegas á Ariadna, dizendo que ela tem o “direito” de se identificar como “mulher”.
Enquanto esta farsa dicotômica e dimorfista que nos exige a todo momento que nos enquadremos socialmente como homens ou mulheres existir, NÃO TEREMOS O DIREITO DE DECIDIR PORRA NENHUMA!  As escolhas já foram feitas pelo sistema, só nos resta no máximo colocar o cabrestinho e marcar no “xiszinho” rosa ou azul.
Aquela cujo nome não quero dizer, pelas notícias que me chegaram (e espero de coração que sejam falsas e distorcidas) foi completamente transfóbica ao mostrar sua “revolta” ao ser chamada de “travecão”. O “machista e homofóbico” Hugo Chaves, surpreendeu-nos essa semana ao comentar com todo bom humor uma montagem que o colocava beijando Obama. A inominável poderia ter seguido o exemplo do líder venezuelano e ter tido a elegância de responder  ao tal quadro humorístico de forma bem-humorada ou poderia ter aproveitado para denunciar a transfobia e a falta de acesso da população TTT a políticas publicas, mesmo com a absurda divisão em castas proposta pelo  identitarismo estratégico. Mas o nojinho dos “travecos”  e a total ignorância sobre o tema, parecem ter falado mais alto.
Se tivesse minimamente se informado sobre  o assunto, saberia que cientistas sociais especialistas já derrubaram esta divisão conceitual entre travestis e transexuais, o próprio coletivo “travesti” vem dia-a-dia negando-a (toda vez que uma “travesti” coloca anúncio em jornal se identificando como “transex” é uma denuncia formal contra esse processo de marginalização estratégica) e “travesti” é uma definição esdrúxula que só existe num paiszinho de mentalidade terceiromundista chamado Brasil. Portanto, transexual não é travesti que “digenvoluiu”- é “travecão” metido a besta. Basta traçar um perfil médio para ver que no nosso contexto, bicha pobre é  “travesti” e bicha fina é “transexual”.
Qualquer duvida, pare de ranger os dentes, respire fundo e consulte a poderosa e vitaminada Pirâmide da Respeitabilidade LGBT: http://vulvula.blogspot.com/2011/10/as-vezes-precisa-desenhar.html
Diante disso tudo, pergunta-se: é tão difícil assim aceitar a realidade que pessoas TTTs  jamais se assimilarão ao discurso dimorfista ocidental -uma ideologia absurda que nega o fato de que, quanto ao gênero as regras são as excessões-   e que, portanto, somos o terceiro,quarto, enésimo sexos  e a sociedade vai ter que capitular, se reestruturar, nos engolir assim mesmo?
Termino pedindo desculpas caso tenha magoado alguém (mentirinha) e afirmando que, se você chegou até aqui, provavelmente a critica não era dirigida a você. Aquelxs que deveriam estar lendo isso não sabem nem ler bula de remédio, quanto menos um post tão completo . Não que ser analfabeto funcional seja algum demérito para alguém, mas não aceitarei mais indivíduos ignorantes  e desinformados falar MERDA em nosso nome. Absurdos que nos prejudicam e só ajudam a fortalecer um senso-comum repressor, transfóbico e heteronormativo. Tomara que mais uma vez a mídia tenha distorcido as palavras de uma ‘trans’ só para nos atingir, como já é de costume.
Cuidado com o coração.

“Gaiola de gênero a gente destrói na base da serra-elétrica.”
Desbundái e putiái!!!

NOTA: (que chique !)
Sobre a completa babaquice anti-científica à qual denominam “disforia de gênero” falarei num dos próximos artigos, intitulado “Disforia de Cu é Rol@”
___________________________________________________________
Gostou do site? É o que temos para hoje. O espaço logo abaixo é pra você me xingar, aproveite-o, faça algo organizado. E não se esqueça de curtir e compartilhar. Gostou? Mande pras amigas. Não gostou? Mande pras inimigas. Mas mande, Tb quero ficar ricx e famosx . J

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011| 1
Hail Mott! Ave Butler!

*Apresentarei agora um mini-relato da minha experiência no 1º Eruds no fim de semana passada.

Primeiro, esclarecerei escurecerei que o Encontro não teve a participação e adesão que imaginava. Claro Escuro, uma vez que tinha me preparado para um bacanal a La Woodstock a beira-mar em Matinhos. No entanto, posso dizer que apesar de ter sido um evento local  e meio desfalcado de publico (sem comparações com o ENUDS que ocorrerá em fevereiro na Bahia) a experiência surpreendeu qualitativamente.

Além de fechar a mesa final “políticas Publicas, no Limite do Capitalismo”, com um discurso emocionante (pelo menos para mim), conheci muitas pessoas  bacana[i]s e necessárias, como o Jorge, o divertidíssimo Reduzino (“Tchau, irmã”) e principalmente a musa sáfica e libidinosa Pollyanna- saudades. Fora presenças queridíssimas, como a do Profa. Jamila,  Jeffa Biba, Damascena, Sorayão e Caro. Na noite de sábado para domingo houve um luau maravilhoso na praia, com muita cachaça local (esqueci o nome).

Teve até ceninhas eróticas e românticas co-protagonizadas pelo ser que ora vos fala...


A seguir, apresento o maravilhoso Manifesto lido na cerimônia de abertura, que irei roubar honestamente  repercutir com prazer orgásmico. As imagens dizem respeito a intervenções muito bem sacadas feitas nos banheiros do evento. Havia me preparado para fazer algo parecido, mas roubaram minha idéia. Acho que são as imagens que melhor resumem  o  espírito de contestação do ERUDS, um importantíssimo espaço de aprendizado, do qual sempre voltamos transformados e podemos experimentar coisas incríveis que nem imaginávamos que existissem.
“Este é o1º Eruds-Sul. Nossa proposta é a de provocar o diálogo entre os diversos movimentos sociais e de pensar uma intersecção entre as categorias de gênero, raça-etnia, classe e sexualidade

No entanto, Heterossexista Conservador, se em sua cabeça limitada nós estamos aqui só para falar de sexo e praticá-lo (promiscuamente) gostaria de pedir que usasse mais a imaginação.

Imagine a bicha sendo penetrada com prazer no CU por outro homem.

Imagine bundas de fora e glitter pelo corpo.

Imagine mulheres de pernas peludas e sovacos mais peludos ainda.

Homem gordos com ereções saindo de suas pelancas de banha.

Mulheres roçando suas bocetas peludas e molhadas umas nas outras.

Corpos com seios e pinto, barba e boceta e tudo mais o que confundir a sua percepção limitada.

Espero que imagine pintos ejaculando sêmen de arco-íris sobre as páginas do seu livro de regras heteronormativo e opressor.

Imagine nossas corpas coloridas dançando peladas na rua.

Orgias de  todos os gêneros e raças.

Montanhas de orgasmo. Rios de ejaculação.

Espero que imagine cada mulher abertamente desafiando seu papel de gênero. Cada homem também.

E cada pessoa entre ou além desse binário.

Espero que imagine o colapso da família nuclear.

Quero que imagine muito alem de qualquer prática suja e marginal que você possa conceber.

Espero que você imagine a sua bandeira nacional em chamas.

Sua cruz, invertida, pisoteada e vomitada.

Quero que imagine travestis ateando fogo ao seu estilo de vida.

Imagine atos libidinosos e selvagens sendo feitos em lugares públicos. De preferência, em plena luz do dia.

Imagine a completa destruição do seu “bem mantido “ ideal heterossexual, macho e branco  de sociedade. 

Espero que nos imagine insurgindo e destruindo o seu sistema moral e suas crianças sendo influenciadas a uma vida de perversão.

E espero que você me odeie. Que me ache repulsivo.

Não estou implorando pela sua aceitação e não estou pedindo para ser amada ou inclusa.

Foda-se se “só falamos de sexo”. Fomos construídas para foder e  foder iremos.”

                                                                                                                           (Manifesto 1º Eruds-Sul)
                             
Parabéns ao pessoal do Coletivo Leque por esta estupenda luvada de pelica nos fiscais do fiofó.

Aproveitem para contar as suas experiências no ERUDS e outros locais. Deixem seus comentários.
ASS: Tonhão

Nos vemos na Bahia!!!=http://nonoenuds.blogspot.com/

*Armário?!?! Arrebentamos na paulada! (leia-se “caralhada”)
Desbundái e putiái !

SEMANA ATRIBULADA=UNIDAS + ELEIÇÕES + ERUDS

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Hail Mott! Ave Butler!

Devido a correria da faculdade, ando com muito pouco tempo para postar.
ATRIBULAÇÃO #1= Ocorreu na capital brasileira do fascismo, nos dias 23 a 26/11, o Seminário Nacional “Unidas pela Cidadania” apresentado pela minha amigona Maitê Schneider e com ilustríssimas presenças de;

Laerte(Laertraaaaava!!!),




Léo Glück- denunciando a direitalha que manda e desmanda nessa terra de ninguém,conhecida como Paraná.

Nany People- com suas traquinagens mirabolantes

Drª Leticia Lanz - zoando com o teste COGIATI e dando uma aula sobre “identidade”.

Drª Alekssandra Salviano -arregaçando com o discurso médico e a [des]atenção aos usuários do SUS

Drª Marcia Rocha- dando de dedo (ui!) no Promotor de Justiça que tentava relativizar a questão da homo/lesbo/transfobia e se opunha aos “exageros”da criminalização da discriminação.

Janaina Lima- gatérrima, falando na mesa de Educação (hum dilicia...)

Dr. Jalma Jurado –falando sobre partes pudendas, sangue jorrando, carnes sendo dissecadas e outras cousas interessantíssimas, para quem quer ser açougueiro ou médico-legista.

E finalmente, o principal, o maior especialista em Despatologização das Identidades Trans do Brasil e meu ultramegaamigaço, Profº Drº Andre Guerreiro (que depois me paga um cafezinho na cantina como a gente tinha combinado- hum diliça! ;) )

ATRIBULAÇÃO #2: Nos dias 30/11 e 01/12 tivemos eleiçoes para o DCE-UFPR e eu, sempre militante, participei de uma das chapas (a melhor) “Tecendo o Amanhã”. Desgraçadamente, levamos uma paulada da chapa da Oposição, da Veja e do governo. Ou seja, em 2012, se o mundo ao acabar, teremos um DCE machista e homofóbico para nos preocupar, mas acho que EU não teria perna pra tocar uma gestão e militar concomitantemente no movimento d@s Bichas satano-comuno-gaysisto-fascisterrorista.Óbvio que vão participar ativamente da campanha nacional pelos 10% para a educação já e que não vão se vender pro Rei-Tor (poisehpoisehpoiseh). Seja como for, foi uma ótima oportunidade não-desperdiçada para ganhar mais XP ( pontos de experiência em linguagem nerdo-RPgista)





ATRIBULAÇÃO #3= Ocorreu também o 1º ERUDS-SUL (Encontro Regional Universitário da Diversidade Sexual) em Matinhos, litoral paranaense. Mini-relato seguirá no próximo post.

*Armário? Arrebentamos por dentro na base da paulada! (exatamente o que você imaginou)

Desbundái e putiái!!!

"Inclusão por fora "(discurso proferido no I-ERUDS- Sul)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011| 1
Hail Mott! Ave Butler!

Estou voltando agora do I-ERUDS- Sul, encontro ocorrrido no campus UFPR Litoral, em Matinhos (PR). "Voltando" não no sentido fisico e literal, mas já estou conseguindo me recobrar do cansaço e seguir 50% das aulas, entre uma cochilada estratégica e outra. No proximo "post' envio um relato mais completo, com fotos, pois agora estou com "pregui" e estava muito ocupada no evento para clicar as carinhas (ui!). Segue o texto que escrevi e li na mesa final, ao lado do assessor do Jean Wyllis, que admitiu pessoalmente nos meus ouvido o que ja sabíamos: o grande obstáculo para a despatologização das Identidades Trans ( e aos Direitos Civis dessa população) é o CONSERVADORISMO do proprio movimento organizado (ONGs). Não exatamente com essas palavras. A mesa foi marcante na minha vida, pela importância da temática na minha militância e pelos debates e reconhecimento de um tema que é um grande "tabu" na academia.

Segue o texto abaixo, anexarei um filme da fala assim que o achar:

NOTA: Na foto abaixo eu sou a pessoa da ponta direita, olhando para os outros convidados. Alias mesma posição de outra 'trans' que tinha falado na mesa anterior. Só porque não sou marxista o povo acha que pode me jogar na extrema direita kkkk





Sensuais e excitantes tardes!

Meu nome é Dorothy Lavigne (mas pode me chamar de Tonhão) sou estudante e professora de História, meu sonho é formar uma banda de rock e não quero ser vitimizada, apesar de ter uma doença mental. Pelo menos foi dessa maneira que fui apresentad@ num “debate” sobre o polêmico assunto da Troca de Sexo, num programa da TV UFPR do ano de 2010. Só maldosamente esqueceram de mencionar que faço parte de um coletivo internacional, formado por militantes de todo mundo, entre médicos, psicólogos, cientistas sociais e sobre tudo militantes, que, cientificamente embasados, denunciamos a ideologia policialesca, normativa e reacionária mal-disfarsada por este status de “enfermididade “.

Assim, a TV UFPR, mais uma vez seguindo a lógica hegemônica e o senso comum, tratara de invisibilizar vozes dissonantes no interior da própria academia, infantilizadando e ignorando estrategicamente autores e militantes que tem um outro ponto-de-vista. Preferiu-se a isto, incluir na mesa de debate uma teóloga que tinha contra o discurso médico normatizador, apenas a fala de que somos “pecadores” e num espaço que se propunha como debate cientifico qualificado. (aliás, uma primeira provocação: o que vem a ser um debate científico qualificado?)

A partir dessa duvida sobre o caráter da ciência e da intelectualidade na contemporaneidade, que me proponho a falar não como acadêmica, mas como militante. Farei questão de não enumerar autores e pesquisas, mas discursar partir de um local de fala, como militante e como sujeito forjado e moldado por um discurso que naturaliza a dicotomia “masculino versus feminino” . Afinal só a luta verdadeiramente justifica a vida e quem milita não envelhece

Ainda na primeira noite do ERUDS, assistimos a um filme que entre outros personagens, mostrava uma pessoa auto-definida e circunscrita no perfil medico-clinico como uma “mulher trans”. Esta aparição me pôs a pensar, pois nossa heroína, num determinado momento, afirma e demonstra com sua performance “absolutamente feminina” (seja lá o que isso signifique), que a única coisa que a separava da felicidade de ser um individuo completo era a “bendita” cirurgia. Dois anos se passam e descobrimos que nesse ínterim ela fora assassinada, sem conseguir realizar o seu sonho, aquilo que parecia ter se tornado o centro de sua existência, e que se resumia ao retorno à humanidade, o direito a ter um corpo intelegível, com o qual poderia se relacionar a contento com os outros e a realidade a sua volta.

Dessa forma, um numero incontável de pessoas desperdiçam suas curtas vidas tentando se adequar a um mundo hostil, que paradoxalmente as segrega, e ainda movimentam um promissor e lucrativo Mercado da Normatização, que abre espaço para a ascensão econômica de vários profissionais e especialistas, entre cirurgiões, endócrinos, psicólogos, assistentes sociais e talvez futuramente (falo com sarcasmo) economistas e teólogos.

Precisamos nos lembrar, quando falamos em Políticas Publicas, que o Estado que viabiliza cotas sociais e polticas afirmativas nas Universidades é o mesmo que faz vistas grossas as travestis diariamente espancadas e mortas nas nossas ruas e que invade as mesmas Universidades para agredir estudantes “maconheiros e baderneiros”. Esta será aqui a tônica do meu discurso: como diferenciar ações inclusivas daquelas repressivas e coersivas; políticas de controle do Estado e controle social?

Não terei tempo de mostrar quais os custos sociais da eminente revisão do conceito patologizante da transgeneridade, da travestilidade e da transexualidade, pois já os resumi no oficurso por mim organizado. Mas poderia denunciar mais uma vez, que os especialistas  responsáveis por esta decisão em 2013, tendem a ser favoráveis ao retorno do “homossexualismo” na lista de doenças mentais. Aliás, é interessante observar que a transexualidade como problema começa a ganhar peso no discurso médico, ao mesmo tempo que a homossexualidade dessde deste palco. Seria uma estratégia perversa de trocar um ator social pelo outro, uma vez que @s ‘trans’ seriam uma minoria dentro de outra minoria? Por outro lado, considerando as terapias de “cura” de transexuais adultos e crianças tradicionalmente ligada a idéia de garantir a manutenção da heteronormatividade (“mas vocês querem fazer a cirurgia para virar gays?”), seria legitimo indagar se realmente a homossexualidade está despatologizada ou se apenas mudou a estratégia normativa?

Nós, que propomos mundialmente rico debate sobre o tema, não o resumimos à questão médica, mas a colocamos no centro do debate, por entendermos que todos os direitos humanos perpassam a medicalização e alguma forma de legitimação ou justificação social . É o laudo técnico que traz a pessoa atestada de volta a humanidade binária, é o processo que permite a intelegibilidade dos corpos no sistema de Previdência Social. É com um laudo debaixo do braço que se pode encontrar uma identidade e um espaço num modelo cosmológico fixo baseado na existência de APENAS dois formatos possíveis de corpos, e sempre inclusos num projeto heteronormatizador.

Um exemplo que tem enfrentado no espaço da escola e da Universidade é a do tão falado nome social. Trata-se de uma tentativa desesperada de incluir “oficialmente” uma alcunha no lugar do próprio nome. O nome social é, literalmente uma farsa, pois tenta-se trocar no discurso politico, um Direito Humano fundamental por um mero paliativo. Não funciona porque as instituições, no capitalismo de mercado neo-liberal, não estão alheias ao cotidiano do cidadão, tanto na esfera publica, quanto na privada.

Por exemplo, na hora de fazer a inscrição para este evento, precisei sacar meu RG e denunciar minha situação enquanto “Deficiente de gênero”. Porém, o aspecto mais perverso dos processos de assimilação social ,repousa no fato de que condição “sine qua non” para o acesso é a identificação e catalogização do sujeito. Recentemente, Martha Suplicy apresentou no Congresso um “pacote” de leis para a população LGBT que incluía uma garantia de alteração do nome civil, desde que a necessidade de tal mudança tivesse como base jurídica a apresentação de lados que indicasse a pessoa sofrer de Disforia (inadequação entre sexo biológico e gênero psíquico- como se fossemos todos naturalmente obrigad@s a esse tipo de sintonia)

O que mais me preocupa é o contexto histórico que vivemos. A “História Magistra Vitae”( Historia Mestra da vida) é a prova de que o ser humano é tão irracional que sempre acaba repetindo os mesmos erros. A história demonstra que em períodos de grandes crises econômicas e sociais, como a que vivemos hoje, os setores reacionários buscam literalmente dizimar os sujeitos “que sobram”, os mais abjetos, sempre começando pela base da pirâmide social. É neste contexto tenebroso que se incluem as formas de medicalização das pessoas LGBTQW27 , assim como se incluíam os discursos na Antropologia Criminal a 100 anos atrás. No começo do século XX se usavam réguas e uma biologia distorcida para “comprovar” a deficiência moral d@s negr@s. Hoje se usa tomografia computadorizada para melhor definir como adequar nossos corpos e como heteronomatizar a nossa população .

Termino deixando algumas provocaçoes a audiência: o peso politica que segmentos conservadores da sociedade poe sobre a necessidade da manutenção do status de “anomalia” as identidades trans, poderia ser uma ponta solta, uma estratégia para continuar debatendo a homossexualidade como doença, possibilitando uma hipotética futura (re)patologização? Por que nós precisamos de laudos psicológicos para ter acesso a direitos básicos, incluindo trabalho, educação, lazer, e os gays e lésbicas não precisam? E principalmente, será que corremos o risco de Bolsonaros e Malafaias fazerem essa mesma pergunta?



Na foto acima: eu ministrando (kixikeeeeee) o oficurso "Medicalização, Polícias de Gênero e Estratégias de Resistência" , sobre a Campanha Mundial pela Despatologização das Identidades Trans. Dessa vez me pegaram na esquerda, mas sempre nas trevas do limbo!

Sejogai-vos! Desbundái!
*No closet!

E a Parada não parou, apesar dos “fiscais do fiofó”

domingo, 20 de novembro de 2011| 0

Hail Butler! Ave Mott !
Bom dia, boa tarde, boa noite (de acordo com o momento e fuso horário do nobre leitor que ora me desfruta) .
O post de hoje será muito aleatório . Explico: devido à correria da faculdade e da militância ando deveras sem tempo para ficar atualizando esse sitio internético. Havia me disposto a atualizar todas as sextas-feiras, mas percebi que isso é coisa de biruta e humanamente impossível. Alias, não faz sentido mesmo ficar marcando dia de atualização num espaço que se propõe a pregar a subversão de regras sociais,não é mesmo? Façamos a seguinte: eu escrevo quando estiver afim e você lê quando tiver paciência. É mais “light” e honesto da minha parte e viva a liberdade de nos exprimir quando e como quisermos! (ô desculpinha mais esfarrapada, sô!)
Pra quem  ainda não percebeu, mudei de endereço e alterei o nomezinho do blog (é só olhar a barra acima, dã).  Os motivos para essa mudança são muito simples. Primeiro “vulvula” é um pouquinho mais fácil de digitar e lembrar que “blitzqueer” (como vc descobriu isso, mister M.?!?!?). Segundo que “blitzqueer” apesar de ser um belíssimo “nome de guerra” ainda é muito chique, o que não combina com a idéia do site que seria a de mostrar a vida de um ponto-de-vista mais “lixão” . Concluí que um neologismo que misturasse  uma alusão à genitália feminina (fetiche trans?) com uma alegoria à idéia do technogênero- uma “válvula” pronta a abrir, libertando em jatos de esporro  das entranhas  das pessoas todo metafórico orgasmo reprimido por séculos- seria infinitamente mais adequado.
Prometo tentar ser o mais breve possível nos próximos *posts, mas por hora tenho muitas coisas a dizer.
Primeiro venho informar aos transeuntes que ainda não o perceberam que ESTE BLOG APÓIA A PUTARIA GENERALIZADA (OBAAAAA!!!!). Nas ultimas semanas temos visto como militantes LGBTIQKYM29, uma série enormemente variada de absurdos e impropérios, vindos contra nós, das mais inimagináveis direções.
Vou começar com o mais simples, indo para o mais complexo:


NOTICIA #1: Para quem ainda não está sabendo o nosso “amado” deputado federal João Campos, católico radical e líder da bancada dos “Fiscais do Fiofó Alheio” resolveu desbundar e escancarar seu projeto de dominação global na forma de um PEC (Projeto de Emenda Constitucional )de número 99/2011, que candidamente propõe que agremiações religiosas possam definir quais Projetos de Lei serão constitucionais ou não. CLIQUE AQUI PARA VER A MEIGUICE DO PROJETO E QUAIS DEPUTADOS O ESTÃO ASSINANDO. Em suma, aqueles que vivem “denunciando os privilégios dos homossexuais” querem definir as leis por nós sem precisar chegar ao poder via-voto,como reza a velha tradição democrática. Isso é só estratégia para nos fazer de “bobinhos” e atravessar projetos mais “aceitáveis”,pois é óbvio que o tal PEC  é bizarro e num Estado de Direito SERIA  razão suficiente para um belíssimo  processo por quebra de decoro parlamentar. Mas não sei de nada e não está aqui quem falou. Trataremos desse assunto nos próximos posts.

NOTICIA #2:  Domingo passado (dia 13) aconteceu na capital mais fria e elitista do Brasil a Parada da Diversidade, (“orgulho” é para fracos, of course). Apesar dos golpes da prefeitura do SR. Luciano Dutti, que teve a pachorra de marcar a data no mesmo dia do vestibular mais concorrido do Estado e ainda em pleno feriadão prolongado -quando  o “caretiboka”  médio costuma descer para  o litoral com suas “senhouras” e amásias a tiracolo- apesar de tudo isso, tivemos o incrível número de 435 bichas desvairadas, 2 cachorros e 1 tamanduá-bandeira desfilando. (zuação, pode colocar pelo menos mais dois ou três zeros nessa conta). O ato cívico foi tão completo que tivemos até  Show Gospel no palco principal. Alias, não comprendi  as criticas que alguns colegas fizeram à intervenção religiosa, uma vez que a Marcha d@s Viad@s é um espaço democrático, livre e diversificado e é óbvio que haverá uma recíproca à altura: seremos convidados a discursar sobre respeito e diversidade na Marcha para Jesus de 2012, ou na fundação da igrejona do Titio Macedo, sabia não?
NOTICIA #3: A mais difícil (leia-se “foda” no mal sentido) de se dar. Fiquei sabendo de casos de militantes “gueis” que têm sido perseguidos por colegas igualmente “bambis”, por se oporem ao modelo judaico-cristão moralmente aceitável. Solta as”ibaaagens”!!!

E aqui o flagrante de ameaça, vinda de estudante de Dieito (ou seria direita?)



É muito triste a gente lutar incansávelmente em nome de um segmento da população que vem sendo perseguido e morto covardemente a séculos por um discurso teocrático moralizante e ver que  alguns desses indivíduos, ao invés de tomar um boa dose de Semancol e se rebelar conosco, simplesmente baixa a cabeça e se prostra perante os opressores, imitando-os. Como diria Millôr-provavelmente citando Brecht, “aquele que se ajoelha perante os opressores mostra a bunda aos oprimidos “. Apresentarei uma Moção de Apoio ao nosso colega perseguido no próximo  ERUDS-Sul para que se torne evidente que grande parte dos companheiros “boyólas”  continuam apoiando a diversidade e outras opções menos  moralistas de sexualidade  e acesso ao próprio corpo. Falarei muito sobre o tema “moralidade” nos meus vindouros *posts.
O  belíssimo clipe musical a seguir mostra muito bem o que sinto em relação a tal polêmica:

NOTICIA #4 (para terminar com algo feliz): Esta blogueira amoral que ora vos discursa estará apresentando no I-ERUDS-Sul-caso minha bolsa caia- uma palestra intitulada “Medicalização, polícias de gênero e estratégias de  resistência”,  apresentando e debatendo a Campanha Internacional pela Despatologização das Identidades Trans. Este espetáculo terá lugar durante a mesa “Políticas públicas no limite do capitalismo”, na manhã do próximo domingo. Aguardem muita discussão qualificada, muita polêmica e muito “fight”- tudo aquilo que você não vê na grande mídia. Alias, as inscrições para o evento ainda estão a todo vapor, VOCÊ JÁ FEZ A SUA? No mais, prometo um relato completo para quem ficar bobeando na frente do computador e perder mais essa. (né. D. Amanda e D.Letícia?)
Acho que por enquanto podemos ficar por aqui,fechar a conta e passar a régua. Durante a semana fico de reportar qualquer novidade.


Desbundái e putiái ! No closet!

Abertas inscrições para o I ERUDS-SUL na UFPR-Litoral

terça-feira, 1 de novembro de 2011| 0

 Já está sabendo do "babado"?

De 25 a 27 de novembro deste ano, acontece no Litoral do Paraná a primeira edição do ERUDS- Encontro Regional Universitário da Diversidade Sexual. O evento é uma resposta dada pelo Coletivo Leque ao concelamento do 9º ENUDS- Encontro Nacional que deveria acontecer neste mês na Bahia, mas que fora cancelado por razões técnicas. A seguir, apresento um artigo que fiz sobreo Encontro Nacional do ano passado para o blog Além da Parada e disponivel em http://alemdaparada.blogspot.com/2010/10/o-natural-te-constrange-relato-sobre-o_14.html. Esperamos que o evento deste ano seja tão bom quanto o anterior.

Confira preços e programação no link: http://coletivoleque.blogspot.com/2011_10_01_archive.html.

*provavelmente (certeza se não houver imprevistos) sairá ônibus da UFPR- Curitiba, a preços "simbólicos"

*qualquer alteração, siga o blog do Coletivo Leque.

 O natural te constrange? (Relato sobre o 8º ENUDS)

(por Dorothy Lavigne)


"Vai tomar no c*!"

Achou a frase ofensiva? Os cerca de 450 estudantes reunidos em Campinas neste ultimo feriadão não acharam, muito pelo contrário. Tanto que o cartaz que dava boas vindas aos que chegavam a 8ª edição do ENUDS (Encontro Nacional Universitário da Diversidade Sexual) era uma composição de fotos de vários ânus, e propunha que se adivinhasse qual pertencia a um gay, um hetero, uma transexual, etc...

Como o tema:"Assimilação X Transformação- políticas de subversão e ciladas dos movimentos sociais" o evento conseguiu de forma magistral alcançar o objetivo ao qual se propunha; ser um espaço de subversão cultural e liberação dos corpos e apresentar criticas ao"conservadorismo das ONGs e instituições ligadas a questão LGBT.

Quando cheguei por volta das 9 da manha de sexta, nem imaginava tudo o que estava prestes a acontecer diante dos meus olhos. Admito não ter aproveitado todos os espaços por que tive que ir constantemente ao alojamento levantar o queixo. Coisa de "curitiboca" bem comportadinha.

Logo na mesa de abertura, um dos oradores resume o que estaria por vir, ao aludir a uma pixação nos muros de Paris no Maio de 68:"Quanto mais faço revolução, mais sinto vontade de amar. Quando mais amo, mais sinto vontade de fazer revolução".
Na noite de domingo, uma festa na boate Orion, o TransENUDS fora palco de um ato político emocionante e inesperado. Estavam previstas na programação várias performances, incluindo um "topless". Porém a milícia dos bons costumes, digo, os seguranças da casa tentaram intervir. Nesse momento, Janaina Lima, militante do Grupo Identidade e uma das organizadoras do evento sobe ao palco para denunciar o ato de repressão, e diante do desafio "O que vamos fazer?" todas as mulheres presentes passaram a mostrar os seios em solidariedade a colega discriminada (vide foto acima, tirada por Manoel Barbosa).

No outro dia, na mesa sobre feminismo, uma professora palestrante, ao sugerir que o Enuds se limitava a um evento acadêmico, recebera como resposta de um dos participantes "O que é academia pra vocês? Pra que tanto antagonismo entre militância e academia? Vamos lutar contra o verdadeiro inimigo em vez de lutar uns contra os outros!"

Houve ainda na segunda feira de manhã uma visita a Fazenda Roseira, importante marco histórico e patrimônio cultural ameaçado pelo "progresso", e que só resiste graças a intervenção direta da Comunidade do Jongo Dito Ribeiro, que resgata parte da tradição negra em meio a construção de modernos complexos habitacionais e shopping-centers.

Pontos altos na programação foram os "oficursos", com oficinas dos quais destaco 3:
" Introdução à Política Queer", apresentado por Richard Miskolci e Leandro Colling; "Os Estigmas da Ditadura no Corpo", coordenado por Jardel Augusto Dutra da Silva Lemos e "Cenas e Imagens Pornográficas: faça você mesmo", coordenado por Fernando Matos e Fátima Regina Almeida de Freitas

Quem não foi e gostaria de saber o que perdeu veja a programação:http://www.identidade.org.br/2010/html/programa/index.html

Agora falarei sobre minha experiência pessoal e o que aprendi durante o evento. Preciso admitir que não consegui estar presente a todos os espaços como já afirmei. As atividades me impactaram por demais, ao ponto de não conseguir sair do alojamento com medo do que poderia ver do lado de fora. Nesse momento consegui perceber o quanto somos reprimidos e anulados em nossos desejos, descobri que temos um corpo e o que podemos fazer com ele. Vi o quanto da minha vida foi jogada fora por causa da repressão social e da falta de coragem de me impor.

O ENUDS mudou minha vida quando, no momento em que as pessoas estavam saindo do alojamento para ir embora, ao ver do lado de fora um grupo de nudistas, criei finalmente coragem e gritei, entre lágrimas: "Gostaria muito de participar com vocês, mas meu corpo não permite [por ser transexual em transição] "

Para mim, o Encontro foi mais que um momento de catarse, um caminho para a libertação de muitos traumas pessoais e a oportunidade de vivenciar um mundo inclusivo que tentamos construir, no qual as pessoas não tenham mais medo de ser o que quiserem ser.

Por fim, caso o ilustre leitor tenha se sentido em algum momento de meu testemunho constrangido ou mesmo violentado em seu pudor, respondo com uma das frases escritas em um dos vários cartazes espalhados pela Unicampi: "Eu vivo a tua vergonha".

Fotos do evento você poderá conferir em http://www.flickr.com/photos/alemdaparada



Participem, com certeza será inesquecível.
Desbundai!!!

Carta aberta a Drª Marisa Lobo- pioneira da Psicologia Cristã

segunda-feira, 24 de outubro de 2011| 0
Resposta a um artigo intitulado "Discussão sobre lei que criminaliza Pastores e Padres", constante no site http://www.psicologiacrista.com.br/

Carta aberta a Drª Marisa Lobo- pioneira da Psicologia Cristã


Cara doutora,

Provavelmente a senhora deva se recordar vagamente de minha pessoa. Sou a “penetra” que esteve presente a Audiência Publica contra a Legalização das Drogas, evento organizado e presidido por pastores protestantes e que tinha na platéia a participação exclusiva de fiéis. Naquela ocasião, enderecei pergunta por escrito a um colega seu, psiquiatra e então palestrante, pedindo fontes (artigos, sites, filmes) que comprovassem cientificamente que a identidade individual não é inata, mas se forma durante a infância e adolescência. Rogo-te que recorde ao teu colega tal pedido, uma vez que, como transexual militante os utilizaria para comprovar que, não havendo um gênero definido biologicamente, não há incongruência entre sexo e gênero nas pessoas transexuais. Ou seja, necessito de teu colega especialista uma comprovação de que não somos doentes mentais , que os manuais médicos que o acusam estão equivocados, que a própria psiquiatria não tem a menor jurisdição sobre nossos corpos e mentes e que as tentativas de “cura” de pessoas travestis e transexuais (e por que não incluir homossexuais?) não passa de puro charlatanismo- mas que é um direito inalienável do individuo ter acesso ao processo e ao acompanhamento pelo SUS, indiferente da patologização e da modalidade terapêutica. Avise-o que continuarei no aguardo.

Uma vez feita minha apresentação pessoal, me dirigirei à senhora, na qualidade de professora de Historia da rede publica estadual. Ao ler teu artigo comentando de forma tão eloqüente e militante o “famigerado” PLC 122, restarem-me diversas duvidas. Não entendi ao certo se as distorções de passagens históricas se deve ao puro desconhecimento do tema abordado (o que considero muito difícil, devido a tua comprovada sagacidade) ou se deve a antiqüíssima estratégia retórica de incluir discursos enviesados sobre o passado. Pois bem, duvidas a parte, proponho-me como profissional da área a corrigir alguns enganos:

Ao contrário do que senhora afirma em teu site, e como bem sabe qualquer estudante secundarista que já tenha trabalhado em sala de aula com o tema Reforma Protestante, ou como deveria ter-te sido ensinado na Escola Biblica Dominical , ou na tua faculdade de Teologia, tua religião não é “milenar”, tem menos de 500 anos de existência. A não ser que, num arroubo tautológico, a senhora queira reunificar historicamente a religião protestante ao catolicismo e buscar um passado mítico comum e “milenar”. Tautologias a parte , seguindo tua lógica historiográfica, ateus, pagãos e os atualmente autodenominados LGBT’s têm uma contribuição cultural e moral para o Ocidente infinitamente maior e mais rica que o teu ainda adolescente (no sentido cronológico) cristianismo. Como diria minha avó, “quando o burro mais velho fala, o burro mais jovem abaixa a orelha”.

Voltando à História do Cristianismo, diferentemente do que a senhora afirma e como bem o sabe qualquer fiel de boa vontade, a Eklesia, nunca seguiu um modelo de pensamento monolítico. Disenções, polêmicas e correntes internas são a marca da Cristandade desde os seus primórdios. Atesta-o inclusive as bíblicas cartas de Paulo de Tarso às varias igrejas da Europa, África e Ásia Menor. Da mesma forma vemos sangrenta mortandade entre cristãos já no século IV ( perseguições políticas a nestorianos, monofisistas, etc), quando, na ânsia de justificar o poder imperial, o então imperador pagão Constantino apresenta uma tentativa de unificar a Igreja sob seu comando – impondo o primeiro “Cânon”, conjunto de documentos que se alega divinamente inspirados (não se sabe com que critérios) ao qual os cristãos denominam “Bíblia”, e que, como bem o sabe qualquer leitor desta, diferem em numero e conteúdo, dependendo do credo que ao qual o fiel se filia. Vemos atrocidades cometidas entre cristãos no interior da França, quando da Cruzada contra os herejes albigenses, cátaros e gorgomilos, vemos as chamas ardendes da Inquisição crepitando sob os pés daqueles que ousavam discordar da ortodoxia.

Não apresento estes episódios, de dura lembrança para o Ocidente, no afã de denunciar a religião, mas como prova de que a Cristandade nunca foi monolítica. Enfrentamentos no interior da Eklesia sempre houveram e haverão. Atestam-no as diversas ordens eclesiásticas e agora uma infinitude de denominações protestantes, Demonstra-o a critica de ramos regulares do protestantismo como o teu, aos grupos pentecostais e neo-pentecostais, e agora à famigerada Teologia da Prosperidade, adulteração da fé cristã visando lucro e a venda não de indulgências, mas de graça e bênçãos. Imagino o que um Martinho Lutero teria dito sobre um Malafaia, um Santiago ou um Macedo...

Os cristãos nunca conseguiram chegar a um consenso sobre qual Bíblia seria “mais divinamente inspirada”, muito menos sobre quais versículos e mandamentos seguir com maior ênfase. A Bíblia dos católicos tem alguns livros a mais, provavelmente por que Lutero resolveu mutilar do Cânon trechos que se referiam ao culto aos mortos, gerador de um lucrativo mercado da fé. Justamente por isso há tantas denominações e divisões internas; por isso alguns guardam a sábado, outros o domingo; por isso, alguns utilizam largamente a internet, enquanto outros vêem o acesso à jornais e televisão como pecado; por isso temos mulheres pregadoras “denunciando o homossexualismo”, enquanto em algumas congregações as mulheres ficam caladas em respeito ao que propunha Paulo, o Evangelista. Pelo mesmo motivo, os cristãos não terão jamais acordo sobre a suposta condenação bíblica aos LGBT’s, e creio que a integração religiosa dos gays se dará na mesma velocidade em que a Cristandade conseguir se adaptar aos novos tempos e contabilizar os lucros advindos do “pink money” ( ou “dízimo cor-de-rosa”), exatamente como o pensamento tomista-escolástico o fez no século XII para incluir em seu seio a rica classe dos usurários ou o cisma luterano para proteger os interesses políticos e comerciais dos Príncipes da Baviera.

Nos quatro evangelhos sinóticos (aceitos como divinamente inspirados) Cristo põe-se a denunciar exclusivamente uma casta de pessoas, os fariseus e saduceus, moralistas e distorcionistas dos escritos sagrados que o utilizavam para seus propósitos escusos ; hipócritas que desfilavam com cinturões de ouro em meio às viúvas, os órfãos e os famintos , vomitando sobre estes uma santidade que não tinham, enquanto vendiam e violavam o santuário sagrado- enfim, os mesmos que agora visam atacar o “vício homossexual”, apenas para desviar a atenção da opinião publica e dos fiéis de seus roubos e escândalos de corrupção. Acredito que exemplos não se façam necessários, pois abundam nos vídeos e blogs da internet.

Cara doutora, tentativas de “cura” de “perversões sexuais” já são apresentadas sem o menor sucesso desde o inicio do século XX, quando indivíduos que não se enquadravam no corolário vitoriano da “família nuclear tradicional”- como se a famosa estratégia pudica do “furinho no lençol” fosse prática generalizada e não existissem doenças venéreas, amásias, nem prostitutas nas ruas do século XIX - eram simplesmente abandonadas à morte nos Manicômios, da mesma forma que indivíduos vitimados pelo “vírus da praga judia” eram amontoados em Auschwicz, para não “infectar a perfeita raça ariana”. Tentativas de melhorar a sociedade, “medicalizando” o anormal, aquele que foge às normas que, de forma geral são tiranicamente impostas de cima a baixo, não são nenhuma novidade. Agradeço em nome da comunidade LGBT a qual faço parte, pela grandiosa prova de amor cristão, ao intencionar popularizar todo um novo ferramental teórico-metodológico criado no interior da Psicologia, apenas para nos atender, mas imagino que suas teses e hipóteses seriam melhor apreciadas num Congresso científico, por uma junta de especialistas da OMS. Além do que, utilizar teorias alternativas, baseadas no efeito placebo (“conversão”) em “cobaias” humanas que acreditam estar sendo “curadas” de uma doença que oficialmente não existe, e sem o consentimento do CFP, não deve ser uma atitude muito ética, mas é só uma opinião de uma pessoa leiga.

Termino meu discurso recordando-te de forma fraternal, a divisa bíblica segundo a qual “pela árvore conhecereis os frutos”. Os frutos do entendimento, aceitação e do respeito ao outro (porque, em ultima análise nós também somos o “outro do outro”) são a paz, o amor e o respeito, um Paraíso na Terra. Os frutos da árvore da moralidade e do legalismo intransigente, mesmo que muito mal “embasados” por uma “ciência” corrompida- incluindo com "louvor" a tal Psicologia Cristã- são a hipocrisia, a homofobia, a “terapeutização dos pecados”, a marginalização, a violência, a guerra, a injustiça social, os guetos, os campos de concentração, os Progrons, e a religião em sua acepção mais mundana e prostituída.

Abraços, Dorothea Lavigne- Medusa Byron

(sim, tenho um problema: meu pai insiste em ser homofóbico)
PS: A foto que abre essa carta é para lembrar os efeitos sociais do tipo de terapia que a Drª Marisa Lobo propõe a seus pacientes 

DISFÓRICx É O TITIO DISFARSADO DE VOVÓZINHA!!!

Tatoos, piercings e Biblias- Evangelismo underground

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Hail Mott! Ave Butler!

Pois bem, este post faço com todo coração para mostrar um tema polêmico e interessantissimo. Depois comento...




Parte 2:



"Se a igreja que frequento não me aceita e me discrimina, o que faço? Simples, crio minha propria congregação, chamo meus amigos e passo a sacolinha".

Bom achei o filme muito interessante por diversos motivos. Primeiro, por falar sobre usos do proprio corpo e subversões culturais. Segundo que mostra de que forma a sociedade através da religião fagocita e agrega novos costumes. E terceiro é possivel ver a evolução do Cristianismo através dos tempos.

Vejam o que já diziam os pais da Igreja:

"As flautas são para os que estão envolvidos na idolatria(...)Louvem-no com saltério.” A língua é o saltério do Senhor. “E louvem-no com cordas.” Com cordas significa a boca tocada pelo Espírito." (Clemente de Alexandria -195 d.C.)


"Nós só usamos o único instrumento de paz, só a voz pela qual honramos a Deus. Já não usamos o saltério , a trombeta , o chimbal e a flauta, porque os que são experientes na guerra fazem uso de tais instrumentos em seus coros e festas.(...)O diabo seduz aos olhos com imagens sedutoras e prazeres que chegam com facilidade à vista com o fim de destruir a castidade… Ele seduz os ouvidos com músicas de formosa melodia, para que escutando sons doces, ele consiga relaxar e debilitar a força do cristão. " (Cipriano- 250 d.C.)


Quem te viu, quem te vê...

Agora, interessante mesmo foi apresentarem a mãe-de-santo NEGRA DENTRO DE UM CONTEXTO SIMBÓLICO QUE PODERIAMOS LIGAR A POBREZA MATERIAL, metendo o pau nos crentes metaleiros, ao passo que um pastor engravatado (representando a "excelência teológica cristã") parabeniza-os. Mas como assim? A Sarcófago não teria sido fundada exatamente devido a discriminação no meio EVANGELICO?!?

Digo mais, como ex-evangélica e ex-participante de uma igreja concorrente, a Comunidade Zadoque: "hipocrisia no dos c* dos outros é refresco", pois ate onde me consta nenhuma dessas congregações "alternativas" aceita LGBTs em seu meio

E antes que me esqueça, a Tamiz e a Lurdes são dois belos exemplos de crentes gatonas (ia dizer "gos-to-sas", mas tenho medo de ser mau compreendida por alguma feminista mais dogmática)

Desbundai

As vezes precisa desenhar...

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Além disso, segundo pesquisadores, a identificação como travesti ou transexual também é socialmente construída. Neste sentido, o termo "travesti" está culturalmente mais associado a pessoas negras, pobres e que se prostituem, enquanto "transexual" está ligado a pessoas brancas, de classe média e que sabem se expressar melhor.
FONTE:http://pt-br.paperblog.com/voce-sabe-a-diferenca-entre-transexuais-e-travestis-27496/

A citação acima serve somente para explicar o auto-explicativo. Como em qualquer outro segmento de nossa sociedade, existe entre os LGBTs uma tendência a imposição de modelos, como forma de alcançar status social. E essa maneira, como em qualquer outro grupo se dá através da "inclusão" (leia-se "assimilação") princípio pelo qual esta população específica com todo sua "cultura milenar", será devidamente "fagocitada" pelo discurso heteronormativo.

Sim, a heteronormatividade não diz respeito apenas a imposição ou naturalização da heterossexualidade, mas antes, a adequação ao discurso judaico-cristão-ocidental, a saber- a manutenção da familia nuclear, do matrimônio, da influência dos principios morais religiosas sobre a vida privada, etc... Assim quem luta pelo "Casamento Gay" ou "cura de transexuais" ou "identitarismos"- baseados em conceitos sexistas como "homem" e "mulher"- faz o jogo do sistema. E busca vantagens sociais para si mesmo nessa estratégia covarde.

Partindo para as políticas e estratégias Queer (até onde consigo compreendê-la), ora é pela base que se derruba um castelo de cartas. É por isso que históricamente as "classes perigosas" sempre foram os "de fora" Ja que o stablishment busca frebeticamente paralisar politicamente esta base social, desestruturemos antes que percebam. Os nazistas tinham sua "blitzkrieg" (guerra relâmpago). Façamos nossa "blitzqueer."

Um convite: saque seu mouse a atire no "compartilhar". E sua opinião é e sempre será bem-vinda.

OBSERVAÇÂO: Os proximos posts prometo que serão mais divertidos

NO closet,
Desbundai!

O processo transexualizador como gerador de exclusão

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"o SUS está dispendendo uma verdadeira fortuna no intituito de NÂO atender as pessoas autodenominadas "transexuais", quando deveria estar facilitando o processo"
Comentário a um texto apresentado num blog, cujo autor não consegui até o presente mmomento identificar e que está na integra no seguinte endereço:
http://devir.wordpress.com/2010/04/11/os-filhos-de-hermes-e-afrodite/




O texto é cheio de distorções da realidade e sonega informações importantes. Em primeiro lugar, se contradiz ao afirmar que transexuais buscam a terapêutica, uma vez que o mesmo apresenta a patologização como uma estratégia de setores do movimento organizado na busca por atendimento pelo SUS.

Parece-me que o autor comete uma gafe ao apresentar como argumento a ideia de que a transexualidade deve continuar sendo patologizada para que haja atendimento em território nacional e se esquece que o CID-10, assim como DSM IV são catálogos internacionais, assim como a campanha pela despatologização é interncional-ou seja, nossos problemas internos não fazem diferença alguma no processo de despatologização, cabendo ao SUS e aos segmentos que ainda pleiteiam a patologização estratégica, adaptar-se.

Agora, com todo respeito, mas o autor do texto pareceu-me desonesto ao tentar colocar em dois lados diferentes "acadêmicos" e "interessados". Como se não houvessem pessoas auto-declaradas "transexuais" ou "pós-identitárias" que pleiteiam o processo dentro ou fora do SUS (modelidade que a atual burocratização via parologização torna proibitiva) e que estão dentro da academia ao lado dos "acadêmicos".

Esquece-se também que a Campanha pela Despatologização das Identidades Trans é puxada internacionalmente por centenas de organizações ,entre elas, grupos e pessoas "trans" reconhecidas como tais como Carla Antonelli.

Outra informação que o texto sonega é que se exige a participação de uma equipe multidisciplinar para a eaboração de laudos técnicos. Ora, se a patologização serve como estratégia para o acesso dos contribuintes do SUS ao suposto "tratamento", por que tanto cuidado? Não seria mais interessante aos "interessados", que se observasse o posicionamento de apenas um "especialista"?

Na prática o que vemos, por exemplo, é um centro de referência importante, como o Hospital Pedro Ernesto (RJ), no qual se fazem em média 2 (duas) cirurgias por ano. Ou seja, o Processo Transexualizador, da forma como está configurado (e baseando-se na hipótese de que se trata de um "distúrbio", hipótese tal rechaçada pela maior parte dos estudiosos, incluindo pelo que entendi o autor do artigo) funciona na prática como estratégia de exclusão do SUS e não de inclusão. Sem falar que torna simplesmente inviável este tipo de serviço pela iniciativa privada. OU seja, o SUS está dispendendo uma verdadeira fortuna no intituito de NÂO atender as pessoas autodenominadas "transexuais", quando deveria estar facilitando o processo.

E mais: se o objetivo da "psicoterapia" é avaliar se o suposto "paciente" não estaria sofrendo de algum tipo de "delírio esquizofrênico" por que não exigir deste um "check-up" um laudo que ateste "sanidade mental" (se é que "sanidade" faz parte do vocabulário dos supostos "psicoterapêutas") ao invés de inventar "doenças mentais" novas?

Por fim, a pergunta do autor do texto a respeito de quem tem o direto de mando sobre a saúde (leia-se "corpos") dos supostso "pacientes"- o próprio indivíduo ou um suposto "saber médico", apresenta-se como uma confissão de culpa.Trata-se não de defender a saúde dos contribuintes, mas a sua "docilização estatal" e sua inclusão em normas de gênero delimitadas pela cultura.

Amplexos aos leitores,
Dorothy Lavigne,
estudante de História pela UFPR, Teorica Queer, militante da despatologização das identidades "trans". "Mulher transexual" autodenominada e portanto autolegitimada como tal.